sábado, 29 de dezembro de 2012

Coisas da Vida: Adeus, 2012. E não volte!


Esta é quase uma postagem de protocolo. Chega o fim do ano e somos inundados com aquelas postagens-retrospectivas e eu já começo dizendo que esta não vai ser muito além disso.

Esta música, além de ser uma das minhas favoritas, tem tudo a ver com o que estou sentindo por agora.

2012 foi um ano de quedas. E haja quedas! Não sei se cheguei no fundo do poço, mas senti por várias vezes como se tivesse sido. Coisas que eu nunca pensei que aconteceriam comigo, conflitos que eu pensava já ter resolvido, tudo veio à tona e sem pedir licença.

Eu só sei que, quando percebi, estava rodeado de problemas com os quais eu não tinha noção nenhuma de como lidar. Eu via tudo meio como uma corrente. "Eu não posso resolver isso se eu não resolver aquilo. Mas se eu resolver aquilo, isso aqui vai dar treta. Mas se eu mexer nisso aqui, aquilo lá vai dar problema logo logo..." Tudo se entrelaçava de uma maneira tão absurda que a única maneira de não fazer tudo cair ao mesmo tempo era ficar bem ali onde eu estava. E não tinha sofrimento maior que isso.

Foi quando eu descobri uma luz gigantesca chamada amizade. Pessoas muito especiais "decidiram" assumir um papel muito especial na minha vida. Entre aconselhamentos, sociais divertidas ou a simples presença e companhia, essas pessoas estiveram ali, incentivando para eu ver que as coisas não eram assim. As coisas eram ruins sim. Talvez eu até estivesse realmente lutando com a Hidra de Lerna e suas cabeças replicantes, mas eu tinha como matar esse monstro.

A questão é que eu sempre vejo os meus problemas como muito maiores do que eles realmente são. E se eles já são grandes, eu vejo uma montanha de problemas na minha frente. Mas acontece que eu posso sim cuidar de uma coisa de cada vez. Eu posso deixar uma coisinha em banho-maria, deixar a outra de lado, desacelerar o ritmo daquela outra, de maneira que eu possa focar nesta aqui e ir desemaranhar esta teia. Parar de olhar para os meus problemas com uma lupa foi um passo gigantesco para o meu crescimento pessoal.

E com a ajuda dessas figuras essenciais, hoje estou experienciando um dos melhores momentos que tive na vida em muito tempo. Ela não está perfeita, eu, inclusive, ainda tenho uma penca de problemas pra resolver. Entretanto, eu estou com o espírito leve e sei que tudo vem a seu tempo e eu posso me dar o tempo de resolver cada coisa de cada vez. Ou ao mesmo tempo, sei lá. O fato é que eu não preciso fazer tudo de uma vez. Afinal, a Muralha da China não foi construída em um só dia, por que a minha vida seria?


No fim das contas, 2012 foi um ano escroto. Mas também foi um ano de ascensão, um ano de muito aprendizado. Sou outra pessoa, muito diferente daquele rapaz que começou o ano. Olhando o cenário geral, eu posso dizer que não me arrependo do que aconteceu, mas não viveria tudo de novo de jeeeeeeeito nenhum. Sei que ainda tenho muito a caminhar e com certeza virei deixar o registro de muita coisa que possa vir a acontecer ou aqueles momentos meio down que sempre acontecem.


E eu quero desejar a todos um feliz ano novo e que 2013 seja um ano totalmente diferente do que foi 2012, mesmo se, pra você, este foi um ano excelente. Afinal, ficar na mesma é muito ruim! Uma hora enche o saco (quem adivinhar meu signo ganha um doce! hahahha)!








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E é isso. Acredito que esta seja a última postagem do ano. Recebi alguns feedbacks do meu blog e fico muito feliz que as pessoas gostem e acompanhem meus devaneios. Feliz mesmo. Podem ficar tranquilos que eu continuarei postando aqui. Não faço promessas maiores quanto à periodicidade, mas eu sempre pulo por aqui pelo menos duas vezes ao mês.

Beijos e abraços e [quando eu descobrir quando vai ser o próximo fim do mundo, faço uma contagem regressiva aqui] até a próxima!

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Letra e Música: A música de Chico Buarque e o amor entre dois homens


Antes de mais nada, quero frisar que eu sou da opinião de que a intenção do autor não é determinante na interpretação de uma música. Influencia, mas não determina. De forma que uma obra de arte só se completa quando entra em contato com o receptor. E aí entra toda a subjetividade de cada um. As vivências e as visões de mundo de cada um.

Para melhor entender este texto, é necessário conhecer esta música. Letra aqui

Sem Fantasia é uma das músicas mais lindas de Chico Buarque (falar de músicas lindas de Chico chega a ser redundância :p). Chico sempre foi conhecido por "entender" a alma feminina. Uma interpretação recorrente dessa canção é a relação entre o desenvolvimento de um homem e a mulher. Enquanto a mulher "floresce" antes, tanto física quanto psicologicamente, o homem, sempre muito apegado à sua meninice, sempre chega lá mais tarde.

E a música fala justamente disso. Duas pessoas que se encontram em fases diferentes da vivência, mas, apesar de tudo, desejam compartilhar desse amor, não importa se ainda é fraco e tolo, e não forte e sagaz, mas a consumação desse amor é altamente desejada.

Minha interpretação é exatamente esta do último parágrafo, mas difere quanto ao que foi falado no parágrafo anterior a ele. Eu gosto de entender que a música fala de um relacionamento entre dois homens. Enquanto um, já avançado em seu processo de auto-aceitação, que pede encarecidamente para que seu amado venha, não importando seus conflitos internos e suas aflições.

Já o outro, que ainda novo nessa trilha da auto-aceitação, depois de tanto sofrer, faz questão de mostrar as marcas que ganhou nas lutas que travou com o 'rei' e nas discussões que teve com Deus. Faz questão de dizer que agora é um homem crescido, é homem bastante para seu amado.

E assim, mesmo tendo trilhado caminhos separados, cada um amadurecendo a seu tempo, agora os ponteiros se encontram e eles podem usufruir desse amor.

Eu acho bem pouco provável que Chico tenha pensado nisso ao compor a música, mas, como eu disse no primeiro parágrafo do texto, eu gosto de entendê-la assim, independente do que o compositor quis dizer com a letra.

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E por hoje é só. Eu tinha escrito um post sobre o fim do mundo, mas ficou uma bosta, então nem publiquei. Talvez eu reescreva e publique antes de sexta-feira, afinal, tem que ser antes do mundo acabar. haahahhahahha

Coloquei essa versão do Chico cantando com Caetano só como ilustração. Eu gosto muito da voz da Maria Bethânia para esta canção (ela, inclusive, é irmã de Caetano, caso haja por aqui algum desavisado...).

Beijos, abraços e aproveitem seus últimos três dias de mundo.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Coisas da Vida: Sobre depressão e julgamentos


É tão fácil falar e dar pitaco sobre a vida dos outros! É claro. Retirando do contexto maior, tudo fica muito simples. Mas não há como simplesmente isolar um fato de todo o resto da existência e fingir que é só isso.

Não tem muito a ver com a postagem, mas eu estava com essa música na cabeça, então aqui está, caso queiram ouvir enquanto leem a postagem

Um amigo estava conversando comigo há alguns meses sobre um outro amigo dele que dizia estar em depressão e como era ridículo o cara dizer estar deprimido, quando a vida dele era tão boa. Ele morava confortavelmente num bom apartamento, tinha fiéis amigos e uma família boa. Não tinha por que o elemento estar em depressão.

Nem preciso dizer que eu rebati que o ridículo da história era o meu próprio amigo, que se achava no direito de julgar a situação do garoto pela simplista percepção que tinha da vida dele. Às vezes ele poderia estar passando por problemas familiares; talvez outros conflitos ainda mais pessoais que não estivesse compartilhando; ou até mesmo alguma pré-disposição genética a estar deprimido. Ele não sabia e talvez nem tivesse como saber.

O fato é que muitas pessoas não estão preocupadas em entender as outras. Mesmo assim, elas se sentem no direito de eleger que o outro está exagerando em suas reações às coisas, se apegando a meros fragmentos de verdade, que não são a verdade inteira. É muito fácil dizer "qualé, isso não é grandes coisas..." ou "deixa de preguiça, levanta dessa cama e vai viver sua vida" ou coisa do tipo, quando não é você que está lá, sentindo o que está sentindo.

Eu sei, porque eu já passei por coisa semelhante. Não foram poucos os dias que só levantava da cama para ir no banheiro e, mesmo assim, só quando estivesse o mais apertado possível. E não era preguiça e nem mimimi. Não mesmo.

Eu tive a sorte de, à época, ter dois amigos muito especiais que tiveram a sensibilidade de dar apoio e carregar no colo ou então ser firmes e dar "tapas na cara" quando necessário, fazendo-me enxergar melhor as coisas e ajudando-me a construir as minhas forças para sair daquela situação, coisa que só eu mesmo poderia fazer.

Não cheguei a ir num psiquiatra, então nunca fui diagnosticado com depressão. Por isso eu digo que "passei por coisa semelhante". Não tenho certeza se foi isso mesmo. Mas eu sei muito bem que não se deve julgar as pessoas tomando por pressuposto as opiniões próprias que às vezes são completamente alheias às realidades da pessoa em julgamento.

Aliás... minorias, como nós, os homossexuais, deveriam saber disso melhor que qualquer um.

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Então, galera, por hoje é só!


Beijos, abraços e felizes 15 dias restantes de mundo!

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Coisas da Vida: Pais e filhos - A culpa é de quem?


Este não tem nada diretamente ligado à homossexualidade. Talvez nem mesmo indiretamente. Mas é um questionamento que eu venho desenvolvendo há muito tempo.


Começo falando também que nada que digo no texto abaixo tem intenção de generalizar, apesar da forma em que o texto está escrito (como por exemplo a minha preferência por usar "os pais" a usar "meus pais"). Estou citando fatos que ocorreram na minha vida. As famílias dos leitores podem ser extremamente diferentes do que exponho aqui. Sei lá se haverá gente se identificando com minhas situações...

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Lembro que eu morria de inveja dos meus coleguinhas que ganhavam "prêmios" dos pais na escola quando tiravam boas notas. Que fossem alguns trocados, sei lá. Eu levava bronca nas ocasiões em que tirava notas baixas e ganhava um mero "não fez mais que a obrigação". Hoje eu vejo que isso de recompensar a criança com dinheiro por ganhar notas boas é uma bobagem. Mas esse não é o ponto da conversa.

Acho curiosíssimo esse formato de família em que os pais cuidam dos filhos para que estes cuidem de seus progenitores quando não tiverem mais condição de fazê-los por conta própria.

Logo que a criança nasce, cria-se um ciclo de valores que botam a criança numa situação complicada. Ainda que muitos nunca se deem conta disso. Os pais trocam-lhe fraldas, compram-lhe roupas, brinquedos, cuidam de todos os pormenores. Os pequenos têm casa, comida, roupa lavada, escola, materiais, tudo.

Daqui a pouco, os pais já começam a cobrar retorno. Os filhos devem demonstrar toda a gratidão do mundo, afinal, os pais sempre fizeram o melhor para que seus filhos chegassem onde chegaram.

Um pouco além, os pais começam a perder a vitalidade, por vezes descobrem-se portadores de doenças como o Alzheimer ou Parkinson, isso sem falar de outras debilidades e seus bons filhos devem sempre estar lá para ajudá-los nisso tudo.

O que acho curioso é a veemência com que os pais cobram este retorno, diante de tudo que já fizeram por seus amados filhos. Como se estes tivessem tido alguma escolha no processo.

Uma coisa que toda criatura viva neste mundo tem em comum é a sua falta de escolha. Ninguém quis vir a este mundo cheio de falhas e imperfeições. A gente simplesmente veio. Se foi escolha de outrém ou acaso, acidente ou fatalidade, não faz diferença.

Ninguém pediu para ter as fraldas trocadas e ser matriculado nas melhores escolas. Essas não seriam as obrigações dos pais? Eles geralmente têm muito mais culpa que seus filhos nessa história toda. Então por que parece que o filho é o culpado? Os pesos e as medidas se invertem e, de repente, é o filho que tem a "obrigação" de tudo, quando ele é quem menos teve parte nessa coisa toda de existência.

Mas muitos pais por aí insistem em criar filhos para si. Para que cuidem deles quando estiverem senis. Atentam-se mais a aprisionar o beija-flor que cuidar de seu jardim.

Não estou dizendo que os filhos devem sair no mundo e esquecer dos seus velhos. Mas acho errado isso ser uma obrigação. Os filhos devem cuidar de seus pais porque os amam e respeitam, e não como uma forma de acerto de contas. E respeito não é algo que se impõe. É algo que se conquista. Por mais que, inicialmente, o respeito seja imposto através da autoridade, devido ao intelecto ainda frágil da criança, de acordo com seu crescimento, esse cenário deve mudar completamente.

Não sei se o que falei aqui é tudo uma grande besteira, uma manifestação de todo o meu egoísmo e egocentrismo, mas é o que venho pensando há muito tempo. Não sei como é ter filhos e talvez nunca saberei. O que sei é como é ser filho. E isso às vezes pode ser bem complicado.

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Bom, pessoas, desculpem o post quilométrico, mas eu tinha muito pra falar. E ainda acho que não disse tudo. Mas, posto o assunto que eu queria tratar, acho que atingi meu objetivo. Eu espero, pelo menos, que o texto não tenha ficado confuso.

Beijos, abraços e até a próxima

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Coisas da Vida: Sou meu pior inimigo

Eu vivo me perguntando por que eu sou solitário. O que há de errado comigo? Esta minha caixola que deve estar zoando comigo, só pode ser. De tudo, de todas as coisas...

But it was only, fantasy
The wall was too high, as you can see
No matter how he tried, he could not break free
And the worms ate into his brain


Não me acho um cara feio. Não pense que é falta de modéstia, mas me acho bem bonito. Não bonito num padrão galã da novela das 9h da Globo, mas bem agradável à vista.

Estou quase o tempo todo de bom humor e sou bem simpático com as pessoas (de uns tempos pra cá essa característica do humor mudou bastante, mas sempre me esforço pra ser simpático). Talvez eu não seja o melhor com a habilidade de manter uma conversação, mas eu acho que sou inteligente e posso falar sobre bastante coisas, desde trivialidades até coisas mais profundas.

O meu amigo que sabe de mim uma vez me falou que eu tinha tudo pra ser o hétero pegador, pois eu tenho uma certa lábia pra conversar com as pessoas (eu até hoje não entendi direito o que ele quis dizer com lábia, mas foi o que ele disse. Eu não me vejo com lábia nenhuma.)

Então uma pergunta me tortura: por que estou sozinho?

E não falo sozinho só de romance, mas de amizade também. Mesmo esses amigos que digo serem mais próximos, eu sinto eles tão distantes... não sei se é problema meu ou deles. Não nos vemos nos dias de semana, quase não nos vemos nos fins de semana...

E se eles estão seguindo com as vidas deles, só resta a possibilidade de o problema ser comigo mesmo. Pois não é possível. Ou eu estou errado quanto a todas essas qualidades que descrevi acima, ou então tenho algum defeito que ofusca todas elas.

Ou então eu só sou um louco carente que quer as pessoas coladas a mim 24-7. Mas todos sempre têm seus programas e diversões e eu sempre fico aqui, isolado.

E essa "lábia" que eu supostamente tenho também devia servir para meninos, não?

Será que apesar disso tudo, eu na verdade afasto as pessoas de mim? Eu, nesse desespero por não ficar só acabo agindo de maneira a ficar só? Essa é a hipótese mais plausível na minha opinião.

Tipo aquele nível de auto-sabotagem em que você quer tanto uma coisa que você usa seus mecanismos para ficar mais e mais longe desse objeto de desejo.

Será que é o medo e o fantasma da auto-aceitação (que eu já falei em outros posts) que ainda estão aqui, com toda a força e mais um pouco?

De tudo isso, não sei de nada. Só sei que os dias demoram a passar e, mesmo assim, de repente já se passaram dias sem mudança de quadro. Não sei mais o que tentar ou se alguma estratégia diferente é necessária. Parece que todas as alternativas se esgotaram e agora tenho é que aceitar que eu nasci para ser sozinho mesmo. Fazer tudo sozinho e me acostumar com a minha própria companhia 99,9% do tempo. Afinal, já é o que eu faço praticamente o tempo todo...

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Por hoje é só. Desculpem o tom pesado que acompanha meus posts de um tempo pra cá. É que eu realmente tô nesses "dark places" e tá difícil de encontrar uma luz, viu? Algum dia que eu estiver mais felizinho eu tento vir aqui e escrever alguma coisa pra vocês não acharem que eu só sei reclamar o tempo todo...

Ósculos e amplexos
Hei de contemplar vossas companhias em alguma outra oportunidade

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Coisas da Vida: Força?


Este ano foi uma loucura pra mim. Aconteceu tanta coisa a nível emocional que eu não sei se minha cabeça vai parar de girar tão cedo.

Para ouvir durante a leitura do post

Mas uma coisa que os amigos mais próximos sempre destacam é que eu estou bem mais forte do que estava no início do ano. Àquela época, eu não era mais que uma criança. Mas não acho que hoje eu seja um homem. Não ainda.

Apesar de ter sido uma criança um tanto quanto chorosa, desde que saí da infância (no sentído etário da palavra), eu não fui mais de chorar. Mas este ano foi duro. Estive frágil a ponto de ficar dias remoendo e chorando as mesmas tristezas, sem muita vontade nem de levantar da cama. Já fiquei mais de dia deitado na cama, só levantando pra ir no banheiro e, mesmo assim, esperava até ficar insuportável segurar mais. Como eu moro sozinho, ninguém chegou a notar isso.

É fato que hoje é preciso uma pancada bem maior para me abalar. Mas as pancadas continuam vindo e vindo e cada vez mais fortes. Será que eu aguento? Ou será que logo se encontrará uma falha na estrutura que porá tudo abaixo novamente?

Lembro de um episódio do desenho animado clássico dos X-Men em que Jean Grey, num momento de lucidez enquanto possuída pela Fênix Negra, diz que até consegue controlar a entidade, mas isso exigiria muito e precisar exercer esse controle o tempo todo seria um sofrimento muito grande.

E eu me identifiquei profundamente com isso quando estava reassistindo os episódios. Eu preciso mesmo ser forte o tempo todo? E se essa força toda for só uma ilusão? Quando a estrutura vier abaixo, quem vai estar lá para me amparar? Só eu mesmo, 24 horas por dia, 30 dias por mês, 12 meses por ano? E isso tudo que eu disse não contradiz minha constatação de que eu estou forte? Não seria isso tudo uma indicação da minha extrema fraqueza?

Querer não precisar ser forte 100% do tempo é sinal de fraqueza?

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Bom, queridos, por hoje é só

Beijos

domingo, 4 de novembro de 2012

Cultura: X-Men

Nossa... eu sabia que tinha ficado um tempo afastado daqui, mas não imaginava que fosse tanto... são mais de 20 dias sem passar por aqui. Mas devo dizer que foi por um bom motivo...

Bom... dependendo do ponto de vista, foi por um bom motivo. hahaha

No último mês eu imergi num mundo paralelo. Li incansávelmente os quase dez anos de publicações dos quadrinhos do universo Ultimate da Marvel. Aqui no Brasil, a linha de quadrinhos foi rebatizada de Millennium (provavelmente por ter começado a ser publicada na virada do milênio, de 2000, pra 2001).

Eu tenho um carinho do mais especial pelos heróis da Marvel. Os heróis nunca são aqueles símbolos morais, de postura inabalável e incorruptíveis. Os heróis são cheios de falhas e contestações, assim como qualquer ser-humano comum.

E nesse universo todo, tem uma ramificação que me encanta. Os X-men são uma das franquias mais geniais de todas essas.


Eu fico realmente triste quando uma pessoa assiste desenhos ou filmes ou lê quadrinhos dos X-men só pelas lutas e pelos efeitos especiais. Tem uma discussão bem mais profunda nisso tudo. Eles são odiados, temidos e perseguidos por algo do qual eles não tiveram escolha. Eles simplesmente nasceram assim. Lembra de alguma coisa?

E o fato de os poderes mutantes se manifestarem geralmente durante a puberdade, só torna a metáfora ainda mais evidente. E, como se esse cenário geral já não fosse sensacional por si só, ainda há os personagens excelentes, como o cara que e uma besta por fora, mas um gênio por dentro, o homem que é a mente mais poderosa da Terra, mas está confinado numa cadeira de rodas ou a moça que não pode tocar alguém que absorve sua essência, numa mistura de toque-de-Midas com uma busca constante pela descoberta da própria essência.

Achei uma pena que, no decorrer das publicações, os Ultimate X-men tenham deixado de lado essa questão de preconceito em razão de "lutas e efeitos especiais". Apesar de ter continuado a ser fantástico, acho que perdeu um pouquinho daquilo que o torna bom de verdade. Não acompanho os mutantes do universo comum, mas tenho uma compilação ou outra onde dá pra sentir um sabor da genialidade da coisa.

Essa franquia tem ainda muito pano pra manga e é atuabilíssima, apesar de já ter quase 50 anos de idade. Só espero que alguém aí no futuro perceba que, tanto a franquia como os fãs ganhariam muito mais se buscasse-se mais roteiros e arcos de história inteligentes em vez desse foco pesado em brigas colossais e titânicas.

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Bom, por hoje é só. Estive mesmo fora de órbita nesses últimos 20 dias, mas agora estou de volta.

Beijos, abraços e até a próxima!

sábado, 13 de outubro de 2012

Coisas da Vida: O que eu tenho de único

Nas últimas semanas eu tenho me perguntado muito o que é que vale a pena. Se vale a pena continuar tentando quando tudo que eu tento tem dado muito errado.


"No one ever sees the tears when you're crying in the rain"

Tenho me questionado por que eu deveria continuar com este blog. Isso mesmo! Este espaço que ainda nem tem dois meses de vida anda por um fio.

Mas para que eu criei isto mesmo? Foi para ter muitos seguidores, caixa de comentários cheia, quem sabe daqui a um tempo conseguir uma coluna num desses portais de responsa? Claro que não.

Eu criei porque queria compartilhar isso que eu tenho de único. E o que é isso? Por que as pessoas se interessariam em ler qualquer coisa que eu escrevo? Não seria melhor ter comprado um caderno e feito um diário pessoal em vez disso? Já que é pra ninguém ler...

E o que é isso que eu tenho de único? Meus sentimentos, minhas experiências... isso ninguém pode copiar, nem tirar de mim. Isso interessaria alguém mais além de mim mesmo?

Tá muito difícil encontrar alguma coisa pelo que continuar lutando. Tenho perdido as pessoas que mais gosto, as atividades que mais prezo... Nenhum trabalho me agrada, muito menos satisfaz, independente do campo de atuação ou da grana que pode vir. As pessoas parecem ter enchido o saco e nem ligam mais. Quer dizer... ligar ninguém nunca ligou, mas agora num mandam nem SMS...

As pessoas que eu não vejo há tempos, quando encontro, mal me reconhecem. Aquele rapaz risonho e extrovertido se transformou nesta figura taciturna, se escondendo atrás de uma cabeleira à la Jim Morrison...

E essa depressão toda? Quem é que quer? Eu não quero, mas não tenho mais forças, não tenho mais energia para mantê-la longe. De que adianta?

Da última vez que saí tomei um porre de vomitar sentado no meio-fio e ter elipses catastróficas na memória. Nunca tinha feito isso. Nunca fui disso. Eu não era nem de beber... Hoje estou nesse limbo, entre ter medo de beber de novo e chegar a esse ponto ou o impulso auto-destrutivo de tacar o foda-se e beber justamente pra chegar a esse ponto e ir além.

É isso que eu tenho de único? É isso que vai fazer as pessoas se interessarem em mim? Se o poço pelo menos tivesse um fundo de onde eu pudesse começar a escalada de volta ao topo... mas só tem queda. E meu grito nem ecoa mais. Já nem tenho mais isso... voz... pff

Se eu pudesse dar um reset na vida e começar tudo de novo...

Eu devo ter feito alguma coisa muito errada na vida passada... isso só pode ser karma... que fase!

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Queria agradecer aos meus poucos, mas fiéis leitores por estarem sempre por aqui.

Não tenho mais nada pra dizer hoje.

Até mais

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Coisas da Vida: Questões


Quem sou eu? Essa questão tinha que ser tão difícil de responder ou eu que tô jogando errado esse "jogo da vida"?

Para acompanhar o post, um gênio da música brasileira

Por que estou o tempo quase todo sozinho? São mesmo as pessoas que não querem ou não podem estar comigo, é por que todas são ocupadas com seus afazeres da vida ou sou eu quem as afasta de mim no fim das contas?

Por que meus amigos parecem cada vez mais distantes? Eles cansaram de mim e resolveram seguir com suas vidas, sou eu quem está se isolando ou eu estou imaginando coisas e nada disso está acontecendo?

Por que nada que eu faça parece fazer alguma diferença na minha vida whatsoever*? É sempre assim com tudo e com todos ou sou eu que insisto em escolher os caminhos errados?

Por que tudo parece estar dando errado? É só o jeito que as coisas andam ou sou eu quem está me sabotando nessa história toda?

Por que o túnel às vezes parece não ter saída? São as coisas que são tão difíceis e complicadas ou sou só eu que fico aqui só reclamando em vez de tomar uma atitude?

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Enfim... Por hoje é só. Qualquer dia eu faço algum post mais consistente. Tô numa fase meio complicada, então não sei se tenho cabeça pra caprichar num texto por aqui. Sei também que esse bando de pergunta pode nem fazer sentido para alguém sem contexto nenhum, mas eu acho importante botar pra fora, mesmo que ninguém possa me ajudar de alguma forma...

*eu geralmente não coloco palavras estrangeiras assim, procuro uma forma em português de dizer, mas essa palavra me veio à cabeça e eu fiquei sem saber exatamente como traduzir, aí ficou no meio do caminho. É uma das merdas de saber outra língua, hehehe. Você conhece algumas expressões que não são tão fáceis de levar ou trazer dessa outra língua... E eu também nem tenho certeza se em inglês essa palavra estaria no lugar certo. Mas deixa isso pra lá.

Abraços e até a próxima

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Coisas da Vida: Só na Multidão


Corrijam-me se eu estiver errado, mas todo mundo já se sentiu assim, não é? Eu, por exemplo, mesmo tendo os amigos maravilhosos que relatei alguns posts atrás, às vezes me sinto assim, sozinho. Sem ninguém que me entenda de verdade.

"Sobre estar só eu sei..."


É interessante que essa amiga de quem falei no post é absurdamente parecida comigo. Nós tivemos experiências de cunho emocional muito semelhante, reagindo de maneira parecida a várias situações, claro que isso tudo em contextos um pouco diferentes. Acho que isso até ajudou a ela se identificar em mim e eu nela. Só que há um detalhe essencial nisso: ela não é homossexual.

Por mais que a mulher ainda seja um gênero minoritário (não em questões numéricas, mas em questão social), não se compara à homossexualidade.

Às vezes vejo meus amigos superando seus cotovelos doloridos, seguindo em frente, arrumando novas namoradas, resolvendo seus problemas sentimentais. E eu aqui. Acho que, por mais que a situação deles seja difícil, ser hétero é muito mais fácil. O encaixe em um casal heterossexual é tão simples... Em qualquer lugar você pode achar um(a) potencial parceiro(a) e o máximo que pode acontecer é você levar um fora.

No meio homossexual não é assim tão simples. Não pode ser em qualquer lugar e nem com qualquer pessoa (não que héteros sejam todos devassos. Isso é só maneira de falar) e o máximo que pode acontecer não é só um fora. Há vários medos e imposições e preconceitos e energias e etc. em torno disso tudo.

Encontrar alguém pode ser um desafio homérico. Eu tenho tanto medo de tanta coisa... Morro de inveja desses jovens adolescentes que saem do armário e vivem sua vida bem resolvidos consigo mesmos, ainda que o mundo esteja caindo em suas costas. Eu sou qualquer coisa menos bem resolvido comigo mesmo.

E assim passo os dias. Sozinho, com uma perspectiva quase inexistente de ter alguém ao meu lado pra partilhar seja o que for. E, por mais que amizades verdadeiras sejam um tesouro inestimável, há coisas que elas ainda não podem oferecer.

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E, depois de um pequeno hiatus, estou de volta.

Estava com visitas em casa e tava impossível de acompanhar os poucos blogs que sigo, vá dizer atualizar aqui... Mas agora eu voltei mesmo.

Beijos, abraços e feliz equinócio atrasado.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Sobre a dificuldade de se expressar


A gente nem sempre consegue dizer exatamente aquilo que queria, não é?

Pensei em colocar Misunderstood do Bon Jovi, mas eu nem curto muito Bon Jovi, então eu preferi colocar uma gostosinha de ouvir não relacionada ao tópico da conversa

Comigo não é bem assim. Sempre que começo a escrever um texto, ele vai saindo do meu controle e toma um rumo completamente diferente do esperado. Isso é um problema maior quando é para alguma prova de concurso da vida, mas também vejo um certo problema por aqui.

Já tenho até exemplos do próprio blog. Naquele texto d'O Que É o Amor eu queria refletir um pouco sobre esse sentimento, mas no fim das contas acabei foi contando um pouquinho da minha história afetiva. No texto da amizade, eu pretendia falar dos sentimentos e felicidades em torno dessas pessoas especiais, mas acabei falando de como eu revelei a minha homossexualidade para eles.

Talvez para os leitores isso nem seja grandes coisas na maioria das vezes, mas pode vir a ser um problema quando eu decidir por tratar algum assunto mais polêmico. Nesses casos é sempre bom ser o mais claro possível.

Em todo caso, acho que vou tentar daqui para frente ser mais claro e sucinto, ao invés de obscuro e prolixo.

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Por hoje é só

Abraços, beijos e pingos de chuva

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Coisas da Vida: Quando menos se espera


Engraçado que, às vezes, mesmo que você não consiga o que queria, algo inesperado aperece para compensar de alguma forma.

Você nem sempre consegue o que você consegue, mas se você tentar, pode conseguir o que precisa

Citei há uns dois posts atrás o amigo pelo qual desenvolvi um sentimento muito forte que, infelizmente, não era recíproco. Passei uns mal bocados enquanto eu escondia esse sentimento de mim e do mundo. É dilacerante você se sentir só, não amado, sem ninguém para conversar sobre essas coisas.

Algumas pessoas mais próximas viam que eu não era o mesmo, andava cada vez mais taciturno, a energia que uma vez eu irradiava estava se esvaindo. Quem já passou por situação semelhante deve saber como é.

Por alguns acasos do destino, acabei ficando muito próximo de duas pessoas do meu círculo de convívio. E as coisas foram andando de forma que hoje são dois amigaços do peito. Sem dúvida, confio nos dois a minha vida.

Eles foram as primeiras pessoas para quem abri meu coração e contei como estava. Um deles eu contei porque um dia a gente tinha bebido um pouco a mais e fomos conversando e confidenciando coisas da vida. Achei engraçado que ele ficou bem chocado quando eu disse que curtia outros garotos (ou, no caso, um garoto específico). Eu tinha certeza que ele já tinha desconfiado... vai entender!

A outra descobriu porque é mulher. Acho que essa é a única justificativa. Elas devem ter um sexto sentido, não é possível. Ela simplesmente foi juntando os pontos, fazendo a matemática e acabou chegando num denominador comum. Ela conversou com esse amigo do parágrafo anterior e depois veio conversar comigo. E somos melhores amigos desde então.

Meio fora de data, mas vale a intenção


É muito bom pensar nesses dois, pois eu sei que, por mais que eu esteja fudido, posso contar com pelo menos o ombro de qualquer um deles. Mesmo que minha paixão tenha na verdade sido uma desilusão, eles sempre estiveram lá para me dar suporte pro que der e vier.

E é isso. Às vezes uma amizade verdadeira vale mais do que mil romances. E eu tenho a sorte de ter duas! Agradeço a todos os deuses por essas duas criaturas :)










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Por hoje é só, caros. Acho que não tenho nenhum comentário adicional desta vez.

Beijos, abraços e bom feriado!

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Coisas da Vida: Fora dos Padrões


O que é que faz de um gay um gay? Existe um "padrão gay" que dita como devemos ser?

Em homenagem ao aniversariante do dia, para ouvir enquanto se lê a postagem. Com vocês, Freddie Mercury de peitos. :p


Pelo menos na mídia brasileira, seja em novelas, programas de humor, minisséries, etc., há um tratamento quase fixo para personagens gay. Eles são extrovertidos, extravagantes, super afetados (observem que eu não digo nem afeminado. Tá mais pra afetado mesmo), sempre são o "comic relief" das tramas. E outro detalhe: nunca pegam ninguém.

É raro ver um gay com uma personalidade mais trabalhada, com um background interessante e comportamentos mais humanos nessa televisão (principalmente, mas outros meios também) brasileira. Há excessões. Sei de um personagem que tá nessa novela Avenida Central, mas não acompanho, então não tenho como saber. Mas é quase sempre essa visão distorcida e assexuada. E eu digo assexuada porque, apesar de às vezes até ter bastantes sexualidade em sua fala, isso fica só no papo mesmo.

Mas seria distorcida mesmo? Não quero criar polêmica logo no início do blog, mas é que às vezes parece que tem muita gente que se esforça pra reafirmar essa imagem. Nada contra, mas a partir do momento em que esse tipo de personalidade toma características menonímicas, passando a caracterizar toda homem homossexual, acho que isso se torna nocivo.

Cadê o espaço para a diversidade? Há muitos tipos de pessoas diferentes e o fato de ser "gay" não determina um tipo de personalidade. Claro que influencia muito na construção da personalidade, mas não é algo restritivo.

Completaria 66 anos hoje


Eu, por exemplo, na fase mais profunda da minha negação pensava mais ou menos assim "Curto muito rock'n'roll e tô cagando e andando pra essas divas da música pop. Não sou afetado e nem me visto seguindo tendências da moda, ando até bem bagunçado pra falar a verdade. Tenho tatuagem. Sou bem na minha e não gosto dessa gente expansiva e escandalosa. É claro que eu não sou gay". Como se isso tudo quisesse dizer alguma coisa...

E assim levanto umas questões para reflexão: Será que essa visão que a mídia tem dos homossexuais parte da mídia ou da própria sociedade? Será que isso é nocivo assim como foi para a minha auto-aceitação ou será que a minha cabeça que funciona de forma errada? Será que eventos como a Parada Gay ajudam ou prejudicam na aceitação homossexual por parte da sociedade geral? Ou será que são os homossexuais discretos e em seus devidos armários que são realmente nocivos, por não levantar bandeiras e defender mais agressivamente os seus direitos? (Por agressividade eu não quero dizer violência, viu?).


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E por hoje é só. Fiz um texto meio grande de novo, mas acho que esse vai ser o padrão do tamanho dos textos aqui do blog. Não consigo evitar. Acho que sou menos sucinto que eu pensava que fosse.

Aliás, há um blog que eu acompanho que parece ter uma visão sobre esse assunto um pouco parecida com a minha. Eu indico!

Acabei criando uma seção nova. Primeiramente, pensei em colocar em Coisas da Vida, mas achei que tinha um objetivo um pouco diferente do meu último post, então resolvi criar esta. De qualquer forma, apesar do título, ficam as duas marcações.

E, sobre o vídeo... será que ele contradiz o que eu disse no texto? Ou será que não?

Abraços, beijos e vida longa ao rock'n'roll!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Since I've Been Loving You

Só pra compartilhar esta música do Led Zeppelin que é absurdamente sensacional.
Depois eu faço um post mais direitinho.

sábado, 1 de setembro de 2012

Coisas da Vida: O que é o amor?


Que outra pergunta cutucaria tanto a minha cabeça?



Falando sério mesmo, por muito tempo eu nem soube o que é se apaixonar. Tive uma infância muito saudável, brincadeiras, aprendizados e tudo o mais, quando tinha 8 anos fiquei de paixonite por uma colega de sala. É claro que era bem inocente, sem toda essa sexualidade que a gente vem a adquirir durante a puberdade, mas não passava disso, um amor platônico. Mas nem sei se chegou a ser um amor mesmo. Mas eu a considero como sendo minha primeira paixonite. Fato engraçado é que quando tinha 11 anos, nos tornamos amigaços e isso tudo meio que passou depois.

E ficou nisso mesmo por bastante tempo. A puberdade chegou mais tarde pra mim do que chegou a meus colegas de turma, então enquanto estavam todos já pensando naquilo, eu ainda estava curtindo minha "infância". Era só video-game, escola, amigos, comer e dormir. Mas, quando foi chegando esses desejos, essa vontade, por algum motivo, eu sentia uma necessidade de fugir de tudo isso. Um medo, uma apreensão. Nem sabia por que. Quando eu comecei a me descobrir e a entender a causa disso tudo, minha atração e curiosidade por outros meninos, senti uma necessidade de escapar ainda maior.

Então, quando o assunto era "verdade ou consequência", "quem ficou com quem", "vamos pra festinha" ou qualquer coisa que tinha a mínima chance de ter algum envolvimento nisso, eu passava longe. Não sei se foi por causa disso ou por causa do meu jeito de ser mesmo, eu nunca cheguei a ficar de amores por ninguém.

Só quando tinha uns 15 ou 16 anos, tive uma quedinha muito rápida por um amigo que eu tinha. Depois de pouco tempo, descobri que ele era um idiota, então desencantei tanto pronto. Nem amigo meu ele continuou sendo e vice-versa. Com 17 anos tive até uma quedinha por uma amiga minha, nem sei direito se era quedinha mesmo ou eu em negação, mas acho que isso tem papo pra outro tópico.

E assim foi por MUITO tempo. Terminou ensino médio, começou a faculdade e nada mudou. Já até apareceu alguém afim de mim, mas eu nem aí. Deixava pra lá, tá beleza. Me esquivava e fingia que nada tava acontecendo. Vamos deixar no status quo.

Até que um dia, já com 21 anos, eu fui vendo algo a mais num colega que eu tinha numa atividade que fazíamos. Fomos nos aproximando e nos tornamos amigos do peito. Chegou ao ponto de nos vermos praticamente todos os dias durante alguns meses, mesmo esse contato não sendo necessário dentro dessa atividade que tínhamos em comum. Eu, que nunca tinha passado por isso, fui me deixando levar, até que me vi completamente encantado por essa figura. Ao ponto de escrever poemas, compor canções, ficar feliz quando está feliz e compadecer da dor, estar lá para o que der e vier. Por um tempo foi até bom, mas aí chegou num tempo que essa retribuição de "brother" que ele tinha para comigo não me era mais suficiente. Já era. Estava apaixonado pela primeira vez.
Fonte da Imagem: Flickr

Aí batia aquela angústia por sentir algo que talvez não fosse correspondido. Passei por um período escroto, onde não era preciso muito para me deixar completamente abalado. Ficava obcecado procurando a mínima pista que ele pudesse dar de que retribuía do meu sentimento. Estar com ele era, ao mesmo tempo, maravilhoso e torturante.

Levei essa situação por muito tempo, até que um dia resolvi contar pra ele como eu me sentia. E depois disso nossa relação nunca foi a mesma. Não por ele ter algum tipo de preconceito. Ele de se declara hétero, e é super ok com essas coisas. Mas ele também era muito imaturo, como eu. Nenhum de nós sabia direito como se portar mais e, apesar da vontade mútua de levar as coisas como eram antes, não conseguíamos. Ele levava de boa a vida dele, mas eu vivia me torturando. E isso não era bom. Resolvi me afastar para ver se tirava ele da cabeça e nessa estou hoje.

Ainda penso muito nele, de todas as formas possíveis. Não sei como esquecer, como deixar pra lá, sabe? É algo para o qual eu não estava preparado e ainda não sei ao certo como lidar com a situação. Mas vou aprendendo aos poucos. E vamos ver o que o futuro nos traz...

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E é isso por hoje. Decidi fazer um post mais íntimo, pessoal. Ficou meio grande, eu sei... talvez da próxima vez eu escolha um assunto mais pontual e seja mais conciso. Também percebi que que não cheguei nem perto de responder ou botar a pergunta do título do texto em questão. Talvez no futuro eu faça um "O que é o amor II" e discuta mais precisamente sobre isso.

Outra coisa que eu notei liguei bastante em alguns pedaços do texto a questão do amor com a da sexualidade. Gostaria de perguntar a opinião de vocês sobre isso. Deixando bem claro que, por sexualidade, não quero dizer exatamente o ato sexual (coito ou qualquer palavra que vocês queiram usar para determinar isso) mas tudo que envolve isso, sabe?

Abraços, beijos e até a próxima!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Letra e Música: Sobre o título do blog


Ainda estou pensando como vai se dar o conteúdo deste blog. Nem sei se sempre vou falar sobre música e afins, mas a critério de organização, já criei esta seção.

O nome do blog vem do primeiro verso de uma música dos Los Hermanos chamada Casa Pré-Fabricada.


Letra: clique aqui!


Lembro de uma vez estar conversando com uns amigos sobre significados ocultos nas letras das músicas dos barbudos e uma menina que lá estava apontou que tinha ouvido falar que esta música falava de um relacionamento homossexual, dado este primeiro verso "Abre os teus armários, eu estou a te esperar", tudo por causa da palavra "armário".

Bom, sinceramente, eu acho bastante redutivo interpretar a música assim. Claro que ela pode sim se encaixar num relacionamento homossexual, mas o caminho percorrido não é esse.

Vejo a ação de abrir o armário nessa música muito mais como uma forma de  de receber a outra pessoa com braços abertos, do que necessariamente um amor gay. Sabe quando duas pessoas estão num relacionamento sério e guardam espaço no armário uma da outra para as respectivas roupas? Então! Nesse sentido.

No panorama geral, vejo a música como um pedido de uma parte apaixonada para que a outra deixe de lado os questionamentos, as dúvidas e aflições, a "culpa vã" e receba o eu lírico de braços abertos e se deixe levar por esse amor, viver em paz consigo e "tristeza nunca mais". Abrir-se para o mundo e deixar a primavera entrar, pois esse medo todo só traz mais medo, mais infelicidade.

E, neste aspecto, podemos encaixar um amor gay. No fim das contas, acho que a música não fala de um romance homossexual especificamente, mas de uma situação romântica que pode se encaixar numa relação desse tipo. E dessa significação, ligada à presença da palavra "armário", que virou meio que um clichê nos títulos dos blogs gay por aí, veio a minha ideia para o título do blog.

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Bom, caros, por hoje é só. Gostaria de lembrar que tem outra música dessa banda que fala muito mais claramente de um relacionamento homossexual, que se chama "Conversa de Botas Batidas", mas isso é assunto para outro post.

Beijos, abraços e até a próxima!

Primeiro Post - Auto-aceitação?

Ser gay é uma merda. É isso o que eu penso e vai demorar pra eu conseguir tirar isso da cabeça. O pior é que eu sei que é errado pensar assim, eu sei que não é culpa e nem escolha minha, que eu tenho que aceitar quem eu sou para viver a vida plena. Mas não é tão simples assim.

Por mais que eu repita para mim mesmo tudo isso, no fundo, eu ainda acho uma merda isso de ser gay. Talvez porque eu passe 80% do tempo sozinho, calado, sem conversar com ninguém. Talvez porque raramente eu tenho programa para a sexta-feira. Ou sábado. Talvez porque o único amor que eu já tive na vida foi, na verdade, uma desilusão escrota. Talvez porque eu bote o peso de tudo isso no fato de eu ser gay.

A questão principal é: por que isso de ser gay tem que ser grandes coisas? Por que o fato de ser homossexual implica em tantas coisas para a sociedade? Afinal de contas, não estamos fazendo sexo o tempo todo, assim como os heterossexuais, mas mesmo assim parece que isso muda a maneira como fazemos e nos portamos para todas as coisas da vida, ligadas ou não a sexo.

E apesar de estar claro que isso tudo é um defeito da sociedade, não meu, essa visão acaba me contaminando e eu mesmo, meio que inconscientemente, acabo me discriminando. Doidera, né?


Fonte da imagem: Flickr
No fim das contas, foi meio que pra isso que eu resolvi criar esse blog. Depois de acompanhar na surdina tantos blogs de tanta gente que teve sua vida mudada por esse hábito, decidi que é a minha hora de fazê-lo. Talvez assim eu conheça mais gente parecida comigo e conheça mais a mim mesmo.

Aqui eu pretendo contar sobre a minha vida (não que tenha muita coisa pra contar sobre isso...), fazer reflexões, debater coisas do cotidiano, opiniões e fatos que possam vir a acontecer.


Aproveito para avisar que não vou ficar me segurando e falando polidamente o tempo todo. Eu gosto de escrever direito, mas não vou ficar regulando meus palavrões (posso até fazer um post sobre esse tema), então já deixo avisado que vão aparecer palavrões ocasionalmente, mas não ao ponto de virar putaria, ok?

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Eu espero fazer textos sempre mais curtos, de três ou quatro parágrafos. Como é a primeira vez que faço um blog deste tipo, ainda não estou certo de como vai fluir a minha escrita e se vou conseguir ser tão sintético assim, então sobre este aspecto, não posso garantir nada.

Beijos, abraços e vamo lá!