sábado, 26 de abril de 2014

Cultura: Hoje Eu Quero Voltar Sozinho

Como disse em minha última postagem, fui ver o filme Hoje Quero Voltar Sozinho no cinema com o meu namorado. O longa, que é uma adaptação do curta Eu Não Quero Voltar Sozinho, do mesmo diretor e roteirista, Daniel Ribeiro, versa sobre a descoberta da sexualidade de um jovem cego.

Este é o curta que deu origem ao longa que está nos cinemas. Vale muito a pena ver os dois.

O longa tem a mesmíssima premissa. Leonardo é um garoto cego e tem como melhor amiga a Giovana. Gabriel então se muda para a escola onde eles estudam e a partir daí, se desenvolve a trama, onde Léo se vê envolvido de uma forma inesperada por essa figura nova em sua vida.

Bom, o curta já é super fofo e o longa não é diferente. Apesar de seguir a mesma linha de enredo, com praticamente os mesmos conflitos e pontos de virada do curta, o longa não soa mais do mesmo, repetitivo. O diretor soube muito bem manter a base e dar mais profundidade aos personagens, explorar as situações e desenvolvimento da história, sem, é claro, pesar o clima lúdico que o curta tem.

Os atores são carismáticos e competentes. A personagem Giovana ganhou umas tiradas muito engraçadas e não está tão chata e apagada como antes. Alguns personagens novos entraram também, dando mais riqueza à história em geral.

O filme conquista por sua simplicidade, a empatia dos personagens e a leveza com que o tema é abordado. Mesmo assuntos como o bullyng são tratados de forma leve, mas não quer dizer que seja de foma leviana. A sexualidade, uma característica intrínseca ao ser humano, aparece como algo natural, mesmo que homossexual. Aliás... não é assim que realmente é? Por que será que é tão difícil para as pessoas perceberem isso?

Um fato interessante do filme está um subtexto na cegueira do protagonista. Numa sociedade que é tão focada em aparências -ainda mais a "comunidade gay", que é acusada de só se importar com isso-, será que essa não seria uma forma bem pura e inocente de amor?

É um filme recomendadíssimo para assistir, seja sozinho, com o amor, amigos, e até família, nem que seja quando (ou se) sair o DVD. Recomendo muito mais que Shelter, por exemplo, que eu achei muito chato. Mas isso seria assunto para outro post.

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Eu não sou nenhum crítico de cinema. Sei que o texto tá meio capenga, mas se eu ficasse reformando texto o tempo todo (que é o que eu estava fazendo), ele nunca seria publicado e eu acho que é meio que obrigação minha falar sobre ele. Talvez um dia eu faça um novo texto com ideias melhor concatenadas.

Mas por hoje é só isso mesmo.

abraços e beijos

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Um Dia Poderei Voltar Sozinho

Bom... ontem fui ver Hoje Eu Quero Voltar Sozinho no cinema com meu namorado. Foi uma experiência muito interessante, pois acho que 80% das pessoas assistindo eram homens gays, 15% mulheres gays e até um pouquinho de héteros também. A maioria massante em casal.


Engraçado que eu acho que nunca estive num ambiente tão gay antes. Não sou de frequentar baladas e nem fui numa parada gay. Sou bem caseiro, aliás. Apesar de ter cursado um curso que leva a fama de ser cheio de gays, consegui sair de lá "imune" ao gaydar de quase todos. Nem eu acredito direito quando eu falo. Mas foi o que aconteceu. Juro!

Bom... acontece que eu me senti muito esquisito. Eu, que vou com meu boy pra tudo que é canto, mas tudo que a gente faz em público é trocar olhares, leitura labial e carinhos por debaixo da mesa. Ou até beijos na bochecha quando estamos num lugar mais amigável e um bom número de cervejas já desceu pela garganta. E lá estava cheio dos casais de mãos dadas, trocando carícias, beijando e tudo de boa. E gente de todos os tipos. Tinham uns bombadões, tinham uns bem magrinhos (mais que eu. E olha que eu sou magro), tinham os espevitados e os discretos, uns estilosos e uns mulambentos (óia eu aqui!). Eu não me senti mal. De forma alguma. É só que a gente quase sempre estranha uma experiência nova.

Acho que, se eu estivesse num ambiente desses há uns 4 anos atrás, eu ficaria profundamente incomodado. Talvez a esquisitice que eu senti foi justamente por minha reação ser oposta à que eu esperava de mim. Achei esquisito porque achei natural. Eu fico feliz e orgulhoso de mim mesmo que isso tenha acontecido. Significa que eu derrubei alguns preconceitos, medos e projeções que eu mantive durante boa parte da minha vida.

Não que eu me ache cheio de virtudes e tudo, mas é algo pelo o qual todos deveriam se esforçar e acho que eu mereço sentir bem consigo mesmo por causa disso. É claro que há ainda muito o que fazer, uma grande reforma íntima ainda tem que tomar parte dentro de mim e de todos na Terra. Eu mesmo, ao reler e revisar este texto, já vi um ou outro absurdo que eu tenho que mudar em mim, mas é um trabalho lento. Melhor lento e honesto do que abrupto e hipócrita, não?

O fato é que um dia eu quero ter coragem para botar a cara a tapa. Para gritar aos quatro ventos pelo que acredito. Revelar minha "identidade secreta" e ser um verdadeiro defensor da humanidade. Mas ainda não consigo. Infelizmente, ainda sou covarde. Mas um dia eu sei que terei a base para fazer o que eu quiser. E não falo de estabilidade financeira. Estou falando de maturidade emocional, mental e a certeza de que estou no caminho certo. E isso ninguém pode fazer por mim.

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E a vida segue. Ultimamente tive umas frustrações na cidade nova, mas eu uma hora acerto. É só saber para onde devo atirar.

Agora prometo que vou ser mais presente. Não vou postar o tempo todo, mas de 15 em 15 dias, pelo menos, eu faço esse esforço. Blogs como o meu já me ajudaram pácaraeo na minha vida e eu espero poder fazer o mesmo pra muita gente ainda.

E por hoje é só, pessoal!

abraços e beijos